Os Olhos Dele na Janela

20:00

Fazia um calor absurdo. Daqueles dias em que quanto menos roupa, melhor. Desde criança, Camila era adepta da arte de andar nua pela casa, sem muito se preocupar com cortinas: desde que fora morar sozinha, a vida era corrida demais para perder tempo em escolher pedaços de pano para pendurar na parede, e ela tinha suas diversões e prioridades antes disso.

Como de costume, chegou do trabalho e jogou a mochila num canto, prendeu os longos e castanhos cabelos num coque bagunçado com a caneta e caminhou em direção ao banheiro, despindo-se no caminho. Na tentativa desesperada de afastar o calor, tomou uma ducha gelada e mal se preocupou com toalhas ao terminar: gostava da sensação das gotas escorrendo frias no meio das costas.
"Sentiu o corpo gostar de ser visto..."
E enquanto ia para a cozinha buscar seu rotineiro copo de chá gelado, sentiu-se arrepiar ao notar de esgueiro que a janela do apartamento da frente não somente estava aberta, como também continha alguém olhando diretamente em sua direção. Foi tudo muito rápido, mas ela não pôde deixar de notá-lo em detalhes: moreno alto, de cabelos bagunçados, e tatuagem no braço esquerdo. Barba por fazer, cerveja na mão e um olhar que misturava susto e vergonha com safadeza e vontade.

“MEU DEUS! ESTOU PELADA!” – Lembrou-se e corou instantaneamente. Sentiu o rosto ferver de vergonha e desejou se jogar no chão para esconder até o dia (ou mês) seguinte, quem sabe. Mas por outro lado, sentiu o corpo gostar de ser visto: aquele homem que não sabia o nome, e jamais imaginaria ver em sua frente agora conhecia suas partes mais íntimas e não se acanhava em dar sinais de quem estava adorando o voyerismo acidental.

Ele ergueu a cerveja num gesto de um brinde à distância, o que a fez sentir ao mesmo tempo mais vergonha e mais tesão. Respondeu com um sorriso sem graça e virou-se para decidir se morreria de rir ou chorar para contar o ocorrido no telefone com sua melhor amiga em outro cômodo. Ainda em transe, vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente e deitou na cama, em seu turbilhão de pensamentos, curiosidade e vontades.
"Mas foi interrompida pela campainha"
Mas foi interrompida pela campainha. Ao atender, surpreendeu-se novamente com ele:

“Acho que acabei de te conhecer pela janela, mas não tenho certeza se era você porque os trajes eram, definitivamente, outros” – ele disse rindo. “Prazer, sou Marcelo!”.

“Camila. Ah, mil desculpas pelo ocorrido..É que…” – mas ele a interrompeu:

“Desculpas? Eu é que deveria agradecer por ter sido tão privilegiado com a visão que tive. Mudei-me ontem para cá e não podia ter recebido melhor presente de boas-vindas. Estava me remoendo até agora para inventar qualquer desculpa e tocar sua campainha, mas aí decidi que não precisava de desculpa nenhuma depois do que vi. Se você precisar de alguma, eu digo que vim pedir açúcar.”

Dez minutos e algumas risadas depois, estavam completamente agarrados. Alternando entre beijos molhados e intensos, vários enfeites da estante da sala se quebraram. Entraram numa vibe de sexo selvagem tão gostosa que logo vieram alguns leves puxões de cabelo e arranhões.
"Ela se encaixasse perfeitamente em seu colo..."
Ela o apertava forte, enquanto pedia baixinho em sua orelha que fosse bem fundo. Mas ele recusava as súplicas: queria chupá-la antes de qualquer coisa. Queria sentir o gosto dela, quente e quase doce.

Parou somente quando ela o empurrou para longe, fazendo com que ele caísse sentado no sofá e ela se encaixasse perfeitamente em seu colo. Vê-la assim, nua de frente com seios tão deliciosos levemente roçando seu peito fez com que ele tivesse que segurar por umas duas vezes até que ela pedisse que ele a acompanhasse nesse segundo orgasmo.

Puxou-o para perto de seu corpo e deixou que o suor escorresse entre eles, enquanto gemeu alto e sem pudor algum ao senti-lo gozar. Terminou dizendo que se amanhã faltassem ovos, ele seria bem-vindo em pedi-los no apartamento dela novamente.

Conto escrito por Amanda Armelin.

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