Os Olhos Dele na Janela
20:00
Fazia um calor absurdo. Daqueles dias em que quanto menos roupa, melhor. Desde criança, Camila era adepta da arte de andar nua pela casa, sem muito se preocupar com cortinas: desde que fora morar sozinha, a vida era corrida demais para perder tempo em escolher pedaços de pano para pendurar na parede, e ela tinha suas diversões e prioridades antes disso.
Como de costume, chegou do trabalho e jogou a mochila num canto, prendeu os longos e castanhos cabelos num coque bagunçado com a caneta e caminhou em direção ao banheiro, despindo-se no caminho. Na tentativa desesperada de afastar o calor, tomou uma ducha gelada e mal se preocupou com toalhas ao terminar: gostava da sensação das gotas escorrendo frias no meio das costas.
"Sentiu o corpo gostar de ser visto..." |
“MEU DEUS! ESTOU PELADA!” – Lembrou-se e corou instantaneamente. Sentiu o rosto ferver de vergonha e desejou se jogar no chão para esconder até o dia (ou mês) seguinte, quem sabe. Mas por outro lado, sentiu o corpo gostar de ser visto: aquele homem que não sabia o nome, e jamais imaginaria ver em sua frente agora conhecia suas partes mais íntimas e não se acanhava em dar sinais de quem estava adorando o voyerismo acidental.
Ele ergueu a cerveja num gesto de um brinde à distância, o que a fez sentir ao mesmo tempo mais vergonha e mais tesão. Respondeu com um sorriso sem graça e virou-se para decidir se morreria de rir ou chorar para contar o ocorrido no telefone com sua melhor amiga em outro cômodo. Ainda em transe, vestiu a primeira roupa que encontrou pela frente e deitou na cama, em seu turbilhão de pensamentos, curiosidade e vontades.
"Mas foi interrompida pela campainha" |
“Acho que acabei de te conhecer pela janela, mas não tenho certeza se era você porque os trajes eram, definitivamente, outros” – ele disse rindo. “Prazer, sou Marcelo!”.
“Camila. Ah, mil desculpas pelo ocorrido..É que…” – mas ele a interrompeu:
“Desculpas? Eu é que deveria agradecer por ter sido tão privilegiado com a visão que tive. Mudei-me ontem para cá e não podia ter recebido melhor presente de boas-vindas. Estava me remoendo até agora para inventar qualquer desculpa e tocar sua campainha, mas aí decidi que não precisava de desculpa nenhuma depois do que vi. Se você precisar de alguma, eu digo que vim pedir açúcar.”
Dez minutos e algumas risadas depois, estavam completamente agarrados. Alternando entre beijos molhados e intensos, vários enfeites da estante da sala se quebraram. Entraram numa vibe de sexo selvagem tão gostosa que logo vieram alguns leves puxões de cabelo e arranhões.
"Ela se encaixasse perfeitamente em seu colo..." |
Parou somente quando ela o empurrou para longe, fazendo com que ele caísse sentado no sofá e ela se encaixasse perfeitamente em seu colo. Vê-la assim, nua de frente com seios tão deliciosos levemente roçando seu peito fez com que ele tivesse que segurar por umas duas vezes até que ela pedisse que ele a acompanhasse nesse segundo orgasmo.
Puxou-o para perto de seu corpo e deixou que o suor escorresse entre eles, enquanto gemeu alto e sem pudor algum ao senti-lo gozar. Terminou dizendo que se amanhã faltassem ovos, ele seria bem-vindo em pedi-los no apartamento dela novamente.
Conto escrito por Amanda Armelin.
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