Vírus da paixão: o que acontece no nosso corpo quando gostamos de alguém?

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Quando surge o interesse por alguém, o cérebro começa a fabricar e liberar hormônios em grande quantidade. Mais que mexer com a cabeça, a paixão altera muitas funções do corpo, pois também é um fenômeno fisiológico.

Os feromônios, substâncias percebidas pelo olfato, indicam algumas características importantes do outro. As pessoas se sentem atraídas por odores com um quê de semelhança ao delas. 

Para a ciência, o cérebro é o responsável pelas diversas transformações pelas quais o nosso corpo passa quando vivenciamos esse sentimento. Ele secreta uma série de hormônios, como a dopamina, que traz a sensação de bem-estar e estimula o ânimo e a euforia.

O cérebro transforma nosso corpo e sensações durante a paixão

O amor pode parecer um milagre, um acontecimento mágico ou um fenômeno transcendental, e em muitos sentidos ele de fato é. 

Poetas, compositores, romancistas e filósofos tentaram, em vão, explicar ou significar o que acontece conosco quando nos apaixonamos.

Para além do sentido mais profundo e poético, no entanto, fisiologicamente para nosso corpo a paixão é um turbilhão de fenômenos químicos que provocam reações incríveis através do nosso sistema nervoso e dos hormônios, feito um coquetel que assalta nossas sensações subitamente, e nos altera a consciência e o funcionamento.

Estar apaixonado pode ser cansativo fisicamente e mentalmente. O desejo de estar o tempo todo em contato com a outra pessoa, pensando nela ou fantasiando sobre uma vida que não existe, causa alterações na rotina, no sono, alimentação, energia, concentração e foco. 

Não há sabedoria que explique as relações humanas

Nos picos da paixão, quando um casal se beija ou está no primeiro encontro, o corpo entra em erupção! Acontece basicamente isso: os vasos têm mais fluxo de sangue, por isso, os lábios ficam cheios e rosados. A pele do rosto tende a ficar corada e as pupilas dilatadas. 

Com a adrenalina sendo liberada na corrente sanguínea, o coração chega a bater 150 vezes por minuto. O organismo todo esquenta, literalmente, pois o corpo sobe a temperatura e o calor vem à tona. É por isso que o corpo sua, principalmente no primeiro encontro.

A paixão provoca no sujeito uma distorção da realidade. Isto é, uma pessoa apaixonada tende a ver qualidades no outro que não existem ou, até mesmo, não enxerga seus defeitos. 

Não que seja uma regra, mas a pessoa desejada tende a ser mais bela, mais inteligente, mais engraçada, mais gentil e mais compatível do que realmente é ou possa ser. Até a voz da pessoa fica mais sedutora.

Uma das sensações mais fortes de uma paixão é a abstinência, ou seja, um casal não consegue ficar por muito tempo longe um do outro. Há uma falta de apetite, já que o cortisol também é liberado pelo corpo, quando se está em situações de estresse. 

Uma descarga intensa de adrenalina e de noradrenalina podem provocar muita ansiedade. A paixão também pode nos provocar algo que seja parecido com o efeito do álcool em nosso organismo, já que a oxitocina liberada causa euforia e nos faz mais confiantes, trazendo uma dose extra de coragem.

No apaixonamento tendemos a enxergar a idealização da pessoa parceira 
Um estudo coordenado pela antropóloga biológica norte-americana Helen Fischer, na Universidade de Rutgers, identificou que diferentes hormônios estão ligados a três momentos do romance: desejo, atração/conquista e ligação.

No primeiro momento, o desejo, é caracterizado pela sexualidade. Com base na evolução, entende-se como a necessidade (instinto) do ser humano de se reproduzir. Por isso, nessa fase são liberados os hormônios sexuais: testosterona e estrogênio.

Na atração/conquista, já existe a sensação de "recompensa", com a liberação da dopamina, que está relacionada ao bem-estar. Passar mais tempo com o crush, na maioria dos casos, gera essa satisfação.

Essa fase pode durar meses, mas ela é muito baseada na idealização do outro. À medida que você entra em contato com a pessoa, tende a desfazer-se as fantasias e com isso a redução dos sintomas, podendo virar amor, amizade, ou só uma memória. 

A terceira fase, que diz respeito à ligação, ao envolvimento mais prolongado e ao relacionamento propriamente dito tem a liberação de ocitocina e vasopressina mais presentes. A ocitocina, também chamada de hormônio do amor, é liberada com abraços, beijos, carícias e relações sexuais.

A fase do apaixonamento que também podemos chamar de: desejo por conchinha everyday

A parte mais evolutiva do nosso cérebro é a da frente, que é o córtex pré-frontal. É nessa região que tudo acontece, como as decisões, as análises de riscos, tudo é ativado por essa região. Outras regiões como o núcleo caudado e a área tegmentar ventral também são afetadas por uma paixão.

São regiões muito ricas em dopamina e em endorfina, que têm efeitos parecidos ao de morfina em nosso corpo, o que torna ser normal, sentir-se anestesiado. 

Por isso, basta lembrar-se de um cheiro, de uma roupa, um olhar ou um gesto da pessoa amada, para que possamos sentir uma grande onda de prazer. Não há nenhum aviso prévio de quando ela irá chegar e nem como resistir.

O corpo humano é tão inteligente, que essa paixão pode passar naturalmente, mas isso não significa que um relacionamento irá acabar com o fim de uma paixão. É nesse momento que as relações se transformam em algo mais sólido e duradouro, seja na forma de amor ou amizade, ou terminam totalmente. 

A paixão tem efeitos similares ao da cocaína e da morfina em nosso corpo

O cérebro responde de forma mais intensa quando é provocado por estímulo visual. Quando a pessoa é vista, essa descarga de hormônios é tão intensa que, assim que a pessoa vai embora, você já quer que volte. 

O pensamento fica o tempo todo voltado para ela e se torna muito difícil parar de pensar, quase impossível.

O problema é que, em alguns casos, a paixão pode ultrapassar certos limites, passando para a obsessão. A partir do momento que a pessoa vive em função do outro, isso se torna extremo. 

Logicamente, nem todo apaixonado é um obsessivo, mas as interações cerebrais são as mesmas.

A paixão amorosa é uma das emoções mais poderosas que existem, justamente por isso, pode chegar à loucura. 

Overdose de paixão? Sim, é possível!

A paixão atua como ingrediente importante no sexo. Ao ponto em que ele se torna mais intenso que a relação sexual casual. A explicação é simples: mais áreas cerebrais são ativadas e mais hormônios são despejados no corpo durante o sexo “apaixonado”.

No sexo casual há ativação do circuito ligado ao desejo sexual, com liberação mais forte apenas da testosterona, principal hormônio responsável pela libido. Por outro lado, no “sexo sentimental” há uma descarga mais intensa de outros tipos de hormônios. 

Além da testosterona, há uma liberação maior de dopamina na região responsável pela atração, apego e prazer. O mesmo acontece com a ocitocina, que é mais relacionada ao amor. Na prática, toda essa convergência de hormônios resulta em sensações mais fortes. 

E aí? Está pronto para enfrentar o vendaval de emoções que a paixão proporciona?

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