Mês da visibilidade LGBTQIA+: Quais os cuidados necessários na hora do sexo (PARTE II)

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No artigo anterior trouxemos um pouco sobre a história de como surgiu o mês da visibilidade LBTQIA+, sua importância e significado. 

Falamos sobre uma das principais personagens que deu origem a esse episódio que até os dias de hoje é um símbolo de luta. 

Também demos orientações de saúde vindas de especialistas sobre como fazer sexo anal com segurança e de forma realmente prazerosa, pensando principalmente no sexo entre pessoas que têm pênis.

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Dando continuidade ao artigo dedicado aos LGBTQIA+, chegou a hora de falar sobre a saúde na hora do sexo entre pessoas com vulvas.

Atenção pessoas que comem com as mãos: esse momento é de vocês.

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Sim, precisa de proteção!

A heteronormatividade (crença social de que a única orientação sexual dentro da normalidade é hétero) começa na ideia de que sexo é exclusivamente penetração vaginal por um pênis, o que exclui todas as formas de relação sexual que vão além do padrão dessa norma.

Assim, faltam métodos de proteção para o sexo oral em vulvas, por exemplo, que sejam eficazes, específicos e confortáveis. Ao contrário do que o coletivo imaginário assume as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) são sim presentes no sexo entre pessoas com vaginas. 

Mas, infelizmente, o mercado não dá a devida atenção para essa possibilidade, o que causa invisibilidade e apagamento. Afinal, tudo é feito pensando em vestir e proteger um pênis.

Além disso, faltam pesquisas sobre saúde sexual lésbica e de pessoas com vulvas que transam com outras pessoas com vulvas. 

Sem estudos, reforça-se a invisibilidade, e a invisibilidade resulta na falta de interesse de se financiar e organizar estudos sobre. Um ciclo vicioso que coloca em risco a saúde sexual de muites.

Na sociedade falocêntrica tudo gira em torno do pênis

Sem acolhimento, sem conhecimento

Um dos grandes fatores que contribuem para a invisibilidade e apagamento do sexo vulva-vulva é justamente a falta de preparo de profissionais da área.

Uma vez que esses mesmos profissionais formam tendo uma base heteronormativa de ensino fica muito difícil terem embasamento, clínico e teórico, para dar atenção direcionada ao público que foge à regra.

Muitas pessoas se sentem desconfortáveis em consultas ginecológicas por serem tratadas com presunção ou discriminação. E muitas nem sequer chegam a procurar um ginecologista por receio à falta de preparo.

Torna-se providencial que os profissionais da área da saúde ginecológica sejam atualizados e preparados para o acolhimento e a educação prática em saúde sexual com ênfase no direito à livre orientação sexual, abolindo crenças lesbofóbicas, transfóbicas e heteronormativas.

Além disso é necessário garantir segurança, confiança e confidencialidade dentro dos consultórios, para que pessoas com vulvas transem com outras pessoas com vulvas sem medo de questionarem e trazerem suas dúvidas sobre essa prática. 

Uma relação de confiança e acolhimento entre médico e paciente é indispensável para a saúde sexual

Mas quais os riscos?

O contágio de infecções sexualmente transmissíveis (IST) acontece pela troca de secreções e o contato mucosas, sangue e fluidos. 

Logo, se analisarmos de perto podemos entender que no sexo vulva-vulva existem muitas possibilidades desses contatos acontecerem.

No sexo oral, por exemplo, existe o contato da boca (mucosa) com a vulva (mucosa). Na posição campeã entre praticantes (tesoura), existe o contato vulva-vulva, logo, mucosa-mucosa. Na degustação com as mãos temos o contato das unhas e cutículas com (advinha????), mucosa. 

Mesmo com o uso de brinquedos e acessórios, o risco não é menor. O compartilhamento de vibradores e próteses sem higienização ou proteção por camisinha pode levar facilmente uma infecção de uma ppk para a outra. 

Algumas doenças como sífilis, HPV, gonorreia, herpes e tricomoníase, por exemplo, são facilmente transmitidas por microrganismos através de saliva, secreções vaginais, dedos e até acessórios sexuais. 

A presença de microlesões na boca, vulva e/ou dedos e a menstruação também elevam o risco de contágio. 

Cuidar da sua saúde sexual também é instrumento de luta

Como posso me cuidar e proteger quem eu gosto?

Com ações simples você consegue minimizar os riscos de doenças na hora do sexo. Mas simples nem sempre é fácil e esse é um ponto importante aqui. Lembre-se que toda mudança exige tempo de adaptação, dedicação, compromisso e responsabilidade

• Higienização das mãos antes e depois do sexo, com água e sabão

• Manter as unhas curtas e limpas, para evitar o acúmulo de bactérias embaixo delas e evitar causar possíveis machucados em parceires

• Utilizar luvas cirúrgicas para a penetração com dedos, usando lubrificante se necessário

• Usar camisinhas femininas ou adaptar camisinhas masculinas para formar uma barreira para o sexo oral.

• Utilizar camisinha no uso de acessórios/brinquedos sexuais, sempre trocando o preservativo quando a penetração for em outra pessoa ou em outro orifício.

• Realizar rastreamento de saúde periódico (preventivo, papa nicolau e sorologia)

Manter um controle de saúde ginecológico periódico pode prevenir o desenvolvimento e transmissão de doenças

Ainda há muito a ser feito em prol da saúde de mulheres lésbicas e pessoas trans. O mês da visibilidade LGBTQIA+ vem nos lembrar disso, da luta diária e dos enfretamentos de pessoas que fogem a norma. 

Cuidar da sua própria saúde e incentivar que as pessoas do ciclo sexual também cuidem das delas é uma excelente forma de militância e ajuda na propagação de mais informação. 

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