Fazendo Arte

20:00

Nunca fui muito fã de arte até hoje. Ela era a conhecida de um amigo, e essa era a noite de estreia dela em uma galeria bem famosa de um bairro chique da cidade. Meu amigo de infância adorava arte, mas odiava sair sozinho, por isso o convite: "Vamos, vai ter comida e bebida de graça! Prometo que não vou te chamar de amorzinho nem nada!". Sim ele costumava fazer isso, não que isso fosse problema afinal, normalmente nós dois dávamos boas risadas juntos. Respeito e amizade acima de tudo.

Antes que eu pudesse responder ele pegou no carro um lenço roxo escuro...
Pontualmente ele passou em casa no horário combinado, e ele me mediu de cima a baixo como sempre, "Você vai assim mesmo?". Antes que eu pudesse responder ele pegou no carro um lenço roxo escuro com algumas estampas e amarrou no meu pescoço, "pronto!". Protestei sem sucesso e assim seguimos viagem até a galeria. Quanto cessei meu protesto, a conversa tornou-se um delicioso monólogo de 20 minutos sobre como a arte dela era conceitual e visionaria, ou algo assim. Deixamos o carro com o manobrista e adentramos na galeria que mais parecia uma mansão no meio de um mar de prédios.

O bom do ambiente artístico é que qualquer roupa vale! De vestidos de gala a mantos budistas, tudo era utilizado ali. Então alguém de sandálias, calça jeans, camiseta branca e jaqueta passaria despercebido, isso se não fosse por aquele "pano" roxo estampado que me fizeram usar. Apesar que tenho que admitir, com a temperatura do ar condicionado o "pano" veio a calhar.

Fui apresentado a algumas pessoas, umas um pouco conhecidas outras nem tanto. Quando cansei de escutar sobre a visão deles da arte e tudo mais, resolvi levar meu champanhe e meu canapé para uma volta na galeria que, segundo meu amigo, ocupava três dos cinco andares do local. O bom que o ambiente grande deixava um bom espaço para circular sozinho e tirar minhas próprias conclusões.

Subi para o segundo andar que estava bem vazio, cinco ou seis pessoas circulavam pelo local. A segurança não era presente fisicamente, mas era visível que as câmeras cobriam todo o local. Subi então para o terceiro e ultimo andar. As obras ali eram escassas, e as câmeras também. Achei que estava sozinho ali quando vi de relance ela. Ela vestia um tênis, uma calça jeans, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, aparentemente alguém que não liga para tudo aquilo assim como eu.

Segui para o outro lado do andar, compenetrado em tentar entender aquela arte. Aparentemente nesse andar tudo foi feito com utensílios domésticos, "uma casa" deduzi. Foi quando um estalo me acordou na minha introspecção, a presença de alguém ali no meu lado, a moça perdida. "Bonito echarpe!",  disse com um lindo sorriso no rosto. Agradeci e ela completou "O que você acha que o artista quis dizer com essa obra?". O quadro era algo cheio de facas fincadas e, sem pensar muito, respondi "Foi um dia revoltante na cozinha...", ao que ela deu um sorriso lindo e mostrou a etiqueta com o nome do quadro "Realidade / Revolta" e eu sorri com um ar triunfante de quem acertou.

Andamos assim avaliando as obras, hora ela dava a opinião dela hora eu dava minha opinião...
Andamos assim avaliando as obras, hora ela dava a opinião dela hora eu dava minha opinião que já havíamos combinado que não entendia praticamente nada, mas era divertido para ambos mesmo assim. Chegamos ao fim do andar, onde havia uma escada com um bloqueio estilo banco. Antes que eu pudesse dizer algo sobre o fim, ela passou por debaixo da fita, virou pra traz e perguntou: "Você vem?". "Nada melhor do que terminar a noite sendo removido da galeria pela segurança, isso sim seria uma arte totalmente conceitual", pensei seguindo ela pelas escadas.

O quarto andar era composto de uma ou duas câmeras que filmavam os acessos, passamos correndo mas contra olhos treinados não haveria solução. Ali também havia uma obra de arte, varias placas com respingos de tinta, fotos, tapumes e objetos de um quarto suspensos por fios quase invisíveis. e ao final daquilo tudo uma cama gigante. Antes que eu pudesse pensar ela me pegou pela mão e me levou com maestria até a cama, sem acertar nenhum objeto, o que em um primeiro momento eu diria que era impossível.

Chegamos na cama e logo ela deixou claro suas intenções, e assim começamos a nos beijar e as coisas a esquentar. Ela desceu minha calça e já estava por cima, me cavalgando como se nada mais importasse. Tentei dizer que aquela transgressão poderia ser perigosa, alem de um desrrespeito com o artista, mas ela colocou seu dedo indicador na minha boca como um recado de que não era pra eu me preocupar com aquilo.

Ainda vestíamos algumas peças de roupa, o ar condicionado da galeria deixava nossos corpos totalmente sensíveis a qualquer estimulo, e o atrito e calor dos nossos corpos em movimentos eram mais excitantes do que qualquer outra coisa, isso combinado com o medo de ser pego então...

Aproveitei para apertar também sua bunda, e a cada aperto ela...
Levantei sua blusa e comecei a beijar seus lindos seios, e ela me cavalgou ainda com mais força, mais vigor. Aproveitei para apertar também sua bunda, e a cada aperto ela aumentava mais e mais a intensidade, até atingir o orgasmo. Então ela desceu sua cabeça e me presenteou com um delicioso sexo oral, até eu gozar também.

Colocamos nossas roupas e antes que eu pudesse dizer algo ela colocou "meu" lenço e colocou no pescoço. "Nos vemos lá em baixo", disse sorrindo e correndo com maestria entre os objetos. Largado ali na cena do crime sai correndo também mas com cuidado para não esbarrar em nenhum objeto.

Chegando no segundo andar, vi ela rodeada de pessoas e meu amigo vindo na minha direção apontando para ela e dizendo: "Olha lá a artista com um lenço igual o que eu te emprestei" mas, antes que ele pudesse terminar a frase ele percebeu algo diferente e perguntou "Cadê meu echarpe?".

Sorri o melhor que pude, mas ele me conhecia. E ela também não ajudou quando ele olhou para ela e ela respondeu com seu lindo sorriso. Ele mandou aquele olhar de sempre com uma das gírias preferidas dele, enquanto ela subia a escada na nossa direção, virando e falando para todos ali: "Venham, vou mostrar uma nova obra para vocês no quarto andar, minha ideia foi transformar o quarto andar em um quarto chamado Amor e Transgressão".

Nem preciso dizer que ri ao ouvir o nome, enquanto todos aplaudiam. Acho que comecei a entender um pouco de arte, ou talvez só de artistas mesmo...

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